Com aproximadamente 48km2 de território, localizada na encosta sul da Serra da Estrela, a Freguesia de Cortes do Meio (Ourondinho, Cortes de Baixo, Cortes do Meio, Bouça e Penhas da Saúde) subsistiu, durante muitas décadas, com base numa economia maioritariamente ligada à pastorícia e agricultura. Banhada pela Ribeira das Cortes, uma linha de água com nascente no Lago Viriato e que flui até ao Rio Zêzere, Cortes do Meio é uma freguesia dotada não só de uma beleza indiscritível, como também do potencial de um recurso natural muito importante: a água e, neste caso, a força da água corrente.
Foi, precisamente, neste potencial que nasceu a história e a tradição da Broa das Cortes. Os moinhos foram nascendo ribeira acima e os campos de milho foram crescendo na mesma proporção. Com cerca de cinco dezenas de moinhos em funcionamento, as mós rodavam dia e noite e a farinha era transportada às costas dos trabalhadores encosta acima, até aos fornos comunitários onde o cheiro, pela manhã, era de pão quente.
Pão centeio e broa de milho, eram a produção que a noite via nascer juntamente com o sol, depois de horas de labuta de mãos experientes que amassavam, tendiam e rezavam, para que o resultado fosse o melhor! De manhã, com o nascer do dia, vinha o povo comprar o pão e a broa, muitos deles trabalhadores nas fábricas de lanifícios, que levavam o farnel para o dia de trabalho, do outro lado da serra. E que bem devia saber poder comer um pouco da nossa broa para ter energia para a travessia, naturalmente, a pé.