Conhecido antigamente como “folore”, o folar da Páscoa é uma tradição viva portuguesa. Levada a sério, requer uma coreografia de oferendas entre madrinhas e afilhados durante a época da Páscoa: os afilhados levam, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas às madrinhas e, mais tarde, no Domingo de Páscoa, as madrinhas oferecem aos seus afilhados um folar, servindo este bolo para simbolizar os laços afetivos entre eles.
De entre os vários folares portugueses, o folar do Algarve é dos mais populares. E, mesmo dentro desta nossa relativamente pequena região, o bolo sofre alterações, havendo uns mais doces e outros menos, uns mais secos e outros mais húmidos, uns com ovo e outros sem.
O folar de folhas (também conhecido como folar de Olhão) é o folar algarvio mais conhecido. Tradicionalmente confecionado num tacho velho, é costume o bolo ter um travo a laranja e a medronho. Mas aquilo que o distingue dos demais é mesmo a sua composição invulgar: tem camadas sobrepostas e intercaladas por uma calda composta por açúcar, manteiga e canela; as folhas caramelizadas secam com o passar dos dias mas não solidificam e, por isso, a massa mantém-se húmida e deliciosa.