O Cobertor de Papa ou Cobertor de Papas é um cobertor artesanal tradicional português característico da região da Serra da Estrela, de fabrico manual totalmente a partir de lã churra, extraída à ovelha autóctone portuguesa de raça mondegueira.
É originário da região de Maçainhas, distrito da Guarda, que teve a sua produção têxtil impulsionada por projeto do governo português de iniciativa do Marquês de Pombal.
Características
Os Cobertores de Papa caraterizam-se pelo seu pêlo branco comprido e cheiro característico. São impermeáveis, pesados, quentes, densos e felpudos. O seu uso tradicional era feito pelos pastores não apenas para se manterem quentes durante a pastorícia mas também para afugentar lobos cuja visão seria confundida pelas características do manto.
Fabricação
Produto de confecção sazonal, as condições necessárias à sua produção estão reunidas apenas no Verão. É elaborado a partir de lã churra, grossa e comprida de ovelhas locais, fiada e tecida em teares inteiramente manuais datados do início do século XX construídos de acordo com técnicas ancestrais. Após a tecelagem a lã é lavrada e feltrada num pisão, seguindo-se o puxar do pêlo através de uma máquina de cardar. A peças são mergulhadas numa mistura de água e terra que lhes confere temporariamente o aspeto de uma papa que se diz estar na origem do nome do cobertor. Finalizado, é impreterivelmente esticado para secar ao sol.
Variedades de Cobertor de Papa
Existem sete variedades tradicionais do Cobertor de Papa:
Cobertor branco;
Cobertor branco com três listas nas pontas de cor castanha ou verde;
Cobertor branco bordado à mão com losangos azuis num dos lados do cobertor e com riscas azuis, vermelhas e verdes;
Cobertor com listas castanhas e brancas, chamada Manta Barrenta ou Manta de Pastor;
Cobertor com listas brancas, castanhas, verdes, vermelhas e amarelas, chamada Manta Lobeira ou Espanhola (porque em Cáceres se fabricava uma manta com decoração semelhante);
Cobertor homogéneo colorido;
Ameaça de Extinção
O Cobertor de Papa esteve ameaçado de extinção em consequência da perda do saber tradicional da confecção decorrente do envelhecimento generalizado da população e encerramento das fábricas onde eram produzidos no início do século XXI.
Preservação
A preservação do Cobertor de Papa tem desde 25 de Maio de 2008 como eixo principal a Escola de Artes e Ofícios de Maçainhas, criada como resposta ao possível desaparecimento desta tradição.
A formação de novos artesãos permitiu retomar da produção artesanal do Cobertor de Papa em 2011. Em 2014 como forma de proteger o produto tradicional de apropriação ilegítima o nome Cobertor de Papa é registado no Instituto Nacional de Marcas e Patentes.